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1950 - Circuito de Vila Real e Vasco Sameiro

IX CIRCUITO DE VILA REAL 1950

Em 1950 a Ferrari estreava-se no Circuito Internacional de Vila Real, através da inscrição de dois carros, uma berlinetta allemano do tipo 166.S e uma barchetta Touring 166 MM, para respectivamente Giovanni Bracco e Vasco Sameiro.
Na altura com 3 anos de vida, a marca de Maranello contava já com algumas vitórias de grande importância, a maior das quais em 26 Junho de 1949 nas 24h de Le Mans com o 166MM (#0008M), com Luigi Chinetti e Lord Selsdon a partilharem o volante, e também em 24 de Abril do mesmo ano nas 1000 Milhas, provavelmente com o mesmo carro, mas pilotado por Clemente Biondetti/Ettore Salani que já havia ganho em 2 de Maio de 1948 a clássica italiana, desta vez acompanhado por Navone e ao volante do 166.S berlinetta allemano. (#003.S).

Sobre os automóveis

O carro inscrito em Vila Real para Vasco Sameiro era um modelo idêntico ao que ganhou as Mil Milhas de 49. O 166 MM barchetta Touring (#0040M) conta com um motor V12 de 1995cc e com 140 cavalos de potência às 6.600 r.p.m., concebido pelo mago Colombo.
Enzo Ferrari incumbiu a Carrozzeria Touring de Milão do estudo deste modelo, o seu desenho final data de 6 de Junho de 1948 tendo-se revelado um dos Ferrari fundamentais neste período de afirmação da marca, tendo sido apresentado no Turim Motor show de 1948. Foi utilizado na sua concepção o conceito superleggera desenvolvido por Bianchi Anderloni, o patrão da Touring, painéis de alumínio pré-formatados eram colocadas sobre o chassis multitubular, resultando num carro compacto e leve.
Recorde-se que a Carroçaria Touring foi quem “vestiu” a primeira realização de Enzo Ferrari, o Auto Avio Construzioni Tipo 815.
O 166MM conservou-se com sucesso nas pistas e estradas internacionais durante cerca de cinco anos, mantendo praticamente inalterada a sua linha, mas o 12 cilindros sofreria aumentos de cilindrada unitária de 166 até aos 340 c.c.
O carro que correu em Vila Real foi importado da Scuderia Ferrari por João Gaspar, na altura o representante da Ferrari no nosso País, em Junho de 1950.
O Ferrari tipo 166.S, teve diversas carroçarias, desde as feitas pelos Stabilimenti Farina até à berlinetta Allemano. Foi uma destas, pertença de Bianchetti, que correu em Vila Real pelas mãos de Bracco, e foi segundo alguns registos o carro que venceu as 1000 Milhas de 1948 (#003S) pilotado por Biondetti/Navone sendo posteriormente adquirido por Bianchetti em Março de 1949, pelo qual pagou cerca de três milhões de liras, tendo a 24 de Abril de 1949 participado nas 1000 Milhas, contabilizando um abandono.
Tal como o 166MM, tinha um motor V12 de 1995cc mas com 90 cavalos de potência às 5.600 r.p.m..
Bianchetti, um jovem industrial proprietário de moinhos, adquiriu este automóvel directamente à Scuderia Ferrari, este piloto era conhecido por: “Il signore delle Mille Miglia” ao que ele normalmente respondia: “La Mille Miglia non há nessun signore, é lei la signora di tutti noi...”.

Sobre os pilotos

Giovanni Bracco, também conhecido por “Gioanin”, era o herdeiro de um vasto império têxtil italiano na cidade de Biella, sempre fez questão de adquirir os carros em que competia, talvez para manter uma certa independência e dar largas à sua fama de bon vivant, gostava de fumar e beber, aliás numa das suas maiores vitória, nas 1000 Milhas de 1952, onde humilhou o Mercedes 300 SL de Karl Kling, ele próprio afirmou no final que transportou no carro uma garrafa de “Chianti” , que a bebeu claro está, admitindo também ter fumado cerca de 90 cigarros americanos (!!) no decorrer da prova. As más línguas da altura referem que foi um cliente relativamente assíduo do “Coelho” em Vila Real, um dos mais ilustres tascos, representante da proverbial qualidade vinícola da zona. O seu lema nas corridas era: “ O la va o la spacca” (ou vai ou racha), que traduz o seu modo de ser, generoso, simpático, irascível e , na opinião de muitos analistas, um dos pilotos mais ecléticos da sua época.

Vasco Sameiro foi um dos mais virtuosos pilotos portugueses da sua época, e talvez o mais internacional, e os Ferrai foram um dos muitos carros em que mostrou todo o seu virtuosismo. Nascido em Braga, a sua carreira iniciou-se nos anos trinta e no seu currículo contam-se, entre muitas outras, cinco vitórias no circuito de Vila Real.

A corrida

Vasco Sameiro, com o nº 10, fez o melhor tempo dos treinos à frente de Casimiro de Oliveira e José Cabral, os dois em Allard. Bracco, com o nº 4, ocupou um lugar na 2ª fila.
A corrida teve um total de 30 voltas, que correspondiam a 221,100 Km. Devido às obras de manutenção da ponte de ferro sobre o rio Corgo, esta edição do Circuito fez-se por uma variante alternativa, mais sinuosa que o traçado habitual, o que talvez tenha favorecido a agilidade do pequeno Osca de Carini.
Assim às 15.30h o Engº Ribeiro Ferreira, presidente da comissão desportiva, deu a partida para a prova, e Vasco Sameiro toma de imediato o comando da prova, mas é ultrapassado ainda durante a primeira volta por Carini em Osca-Maserati.
Entretanto Bracco atrasa-se, acabando por desistir no decorrer da 2ª volta. Durante a quinta volta Casimiro de Oliveira ultrapassa Sameiro em Mateus. Na mesma volta, Sameiro pára para substituir todas as velas, enquanto os mecânicos trabalham, Vasco bebe tranquilamente uma cerveja, com tudo isto perde cerca de 10 minutos. Novamente à 7ª volta o piloto do 166 MM pára sempre com problemas nas velas e até ao final da prova debate-se com constantes problemas mantendo-se em competição apenas por espírito desportivo. No final completou apenas 19 voltas, menos uma das vinte que o regulamento exigia para se conseguir classificar.

Assim, esta primeira presença de Ferraris em Vila Real saldou-se sobretudo por uma demonstração clara de rapidez por parte do 166 MM de Sameiro nos treinos e por alguma falta de fiabilidade durante a corrida, tal como o 166 S de Bracco. Podemos ler, numa entrevista no final da prova ao Jornal O Comércio do Porto, Vasco Sameiro referiu:
“Infelizmente o meu carro não deu o rendimento devido. As velas, com que comecei a corrida foram as que vieram da casa construtora assim como o combustível que foi o que de lá indicaram, derreteram positivamente. Não compreendo, em boa verdade o facto, que merece ser averiguado. Tive de pôr de lado todas as ambições e procurar manter-me na pista até final, para evitar um abandono desagradável.”

De qualquer forma estas actuações deixavam no ar a possibilidade de anos de glória para os carros italianos em Vila Real.

Apenas como comentário final, uma breve referência a Vasco Sameiro, que se estreou no Grande Prémio de Barcelona de 1933, no circuito de Montjuic.Nessa corrida, ao volante de um Alfa Romeo, Vasco Sameiro conseguiu a segunda posição. Ficou à frente de outro mito - Tazio Nuvolari.

Outros tempos.


IX Circuito de Vila Real - 1950







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